Jazz é a vertente mais erudita da música não erudita

By Óscar Jr – Jazz & Joy

Jazz é criação, não se explica e nem se limita a um conjunto de regras de como fazer música. Criou as suas próprias a medida que foi evoluindo e buscando novos estilos. Parte da sua composição surge dependendo da criação e do intérprete. Os temas se repetem, mas os solos e improvisos são próprios.

Preserva o individualismo, pois cada tema ganha o toque pessoal do músico. Por outro lado, também é democrático, pois cada integrante do grupo tem direito a sua contribuição à obra no seu momento de solo.

Por essa razão o jazz exige um grau técnico alto de cada músico, tanto na performance como na interpretação. Escalas, harmonização, dinâmica.

A harmonia é o grande diferencial do jazz.

O jazz utiliza harmonizações sofisticadas que desafiam o intérprete. Progressões harmônicas, tempos incomuns, mudanças ritmas que sempre trazem uma novidade. Muita gente valoriza a parte mais notável: a performance. Muitas vezes até mesmo irritante pelo excesso. Porém a harmonia, é a grande onda por onde surfa o intérprete. Por mais que evite o pieguismo da metáfora, isso é uma verdade, a sensação de estar surfando a melodia é um prazer musical.

A harmonia no jazz procura não ser óbvia como a do pop que busca ser facilmente cantarolado para se tornar mais pop- ular e faturar mais, ou até mesmo a do blues que é simples para permitir a criação livre da letra, no improviso (como o repente, o rapp). Os solos podem ser tão enérgicos como o do rock, ou tão sui gêneris como os da música dodecafônica. É frequente encontrarmos solos fantásticos de bateria do Art Blakey em suas gravações. Se ouvirmos como John Coltrane desconstrói a melodia, fica fácil entender. Parece Stravinsky em alguns momentos. Com certeza ambos se ouviram nos anos 60.

Tudo isso faz com que o  jazz não se torne um gênero popular. Às vezes é até mesmo cansativo, nos desvarios das longas improvisações. Dessa forma grande parte dos intérpretes, para sobreviver, migraram para a música de consumo a partir dos anos 60, com a entrada do pop.

A nossa Bossa Nova deu um bom exemplo, quando fez um upgrade no samba canção utilizando harmonia de jazz. De cantinho e violão não tinha nada, mas sim uma sofisticação harmônica que consegue uma sinfonia com uma única nota. Também conseguiu seu destaque internacional e ser bastante cantada, apesar da dificuldade dos semi-tons e dissonâncias, sempre um castigo para iniciantes no violão.

Mesmo assim, ele continuou subsistindo em  pequenos redutos, tendo feito admiradores e seguidores ao longo dos tempos.

Como tudo que é bom, não envelhece os standards dos anos 30 a 50 têm sido regravados por músicos jovens, em versões inspiradas nas gravações originais .

O jazz pode ser comparado com os vinhos ou com a arte, quanto mais se conhece, mais se aprecia. Enjoy it!

A proposta do JAZZ & JOY é respeitar o jazz como estilo, seus princípios, mas proporcionar uma apreciação agradável ao público (JOY).

Óscar Jr.

saxofonista tenor e soprano

visite o site www.jazzejoy.com.br